INTRODUÇÃO
Quem eram os evangelistas? Há lógica em seus escritos? Como foram compostos esses livros? Com estas questões, introduzimos os quatro Evangelhos – Mateus, Marcos, Lucas e João –, os primeiros livros do Novo Testamento.
CONCEITO
Evangelho é a tradução portuguesa da palavra grega Euangelion que foi notavelmente enriquecida de significados. Para os gregos mais antigos ela indicava a "gorjeta" que era dada a quem trazia uma boa notícia. Mais tarde passou a significar uma "boa-nova", segundo a exata etimologia do termo.
Os Quatro Evangelhos – Desde os primeiros anos do cristianismo preferiu-se falar de "Evangelho", no singular, também quando se referia aos livros. Isto porque os escritos dos apóstolos traziam todos o mesmo e idêntico "alegre anúncio" proclamado por Jesus e difundido oralmente. Quando se desejou, porém, indicar de maneira específica cada um dos quatro livros, encontrou-se uma fórmula particularmente eficaz e significativa: "Evangelho Segundo Lucas", "Evangelho Segundo Mateus", "Evangelho Segundo Marcos" e "Evangelho Segundo João". Desse momento em diante, o singular e o plural se alternam para indicar, um a identidade do anúncio, o outro a diversidade de forma e redação. Ficará, porém, sempre viva a convicção de que o Evangelho é um só: o alegre anúncio de Jesus. (Battaglia, 1984, p. 25 e 26)
CADA UM DOS QUATRO EVANGELHOS
O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
Mateus, o publicano ou o cobrador de impostos recolheu a pregação apostólica palestinense e escreveu para os judeus convertidos ao cristianismo. O Evangelho de Mateus é o primeiro dos quatro. É também o mais estudado e comentado, em vista da catequese global e eclesial que o caracteriza. Esta catequese mostra que o escândalo da morte na cruz fazia parte do plano de Deus para a salvação da humanidade. Mateus traça a vida histórica e cronológica de Jesus, enaltecendo o trabalho de pregação (kerygma) do Reino dos Céus. Dividiu-o em cinco partes: 1) fundação do Reino dos Céus; 2) o Reino dos Céus em ação (os milagres); 3) o mistério do Reino dos Céus (figura velada das parábolas); 4) Reino como comunidade visível e organizada (Pedro é a pedra angular da "Igreja"); 5) aspecto escatológico do Reino dos Céus (implantação deste na terra). (Battaglia, 1984)
O EVANGELHO SEGUNDO MARCOS
O Evangelho de Marcos vem em segundo lugar, embora haja dados enciclopédicos que o colocam como o primeiro Evangelho. Não teve o mesmo êxito dos outros, porque o seu material estaria mais desenvolvido em Mateus e Lucas. Santo Agostinho fala que o Evangelho de Marcos é o resumo do de Mateus. A sua autoridade está fundamentada na narração de Pedro, testemunha ocular dos fatos. (Battaglia, 1984)
O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS
O Evangelho de Lucas é o terceiro Evangelho. Foi o que explicitou a sua intenção: escrever uma histórica de Jesus. É um Evangelho para os helenistas, pois é o único escritor que veio do paganismo. Todos os outros são de origem judaica. Sua cidade de origem é Antioquia e foi nessa cidade que surgiu o termo "cristão" para designar os seguidores de Jesus. Este Evangelho como o de Marcos, é de segundo plano, pois viveu à sombra do apóstolo dos gentios, Paulo. A sua catequese fundamenta-se em Jesus como salvador, as lições da cruz e o poder da ressurreição. (Battaglia, 1984)
O EVANGELHO SEGUNDO JOÃO
O Evangelho de João, cunhado como o "Evangelho Espiritual" aparece em quarto lugar. Ele queria penetrar na profundidade do verbo de Deus, o verbo que se fez carne, ou seja, o verbo encarnado em Jesus. O apelido "Evangelho Espiritual" deveu-se a Clemente de Alexandria, que disse: "João, o último de todos, vendo que o aspecto material da vida de Jesus fora ilustrado por outros Evangelhos, inspirado pelo Espírito Santo e ajudado pela oração dos seus, compôs um Evangelho Espiritual". (Battaglia, 1984)
OS EVANGELHOS SINÓTICOS
O EVANGELHO É UM SÓ, O ALEGRE ANÚNCIO.
Em realidade, o Evangelho é um só, o alegre anúncio. Como esse alegre anúncio foi feito por diversas pessoas, para cada uma dessas pessoas torna-se um Evangelho, que reunidos formam os Evangelhos. Entre eles, há alguns que se assemelham (Mateus, Marcos e Lucas) e, por isso, são chamados de sinóticos (do grego sýn, "junto" eopsis, "visão"). O Evangelho de João não segue o padrão desses três. Isto permite que as concordâncias dos três evangelistas sejam impressas em forma de synopsis (sinopse).
SEMELHANÇA DE CONTEÚDO
À diferença de João, os três sinóticos dispõem o currículo da vida pública de Jesus segundo um esquema muito simples, assim concebido: após o seu batismo, o jejum de quarenta dias e as tentações no deserto, Cristo prega na Galiléia, tendo como centro missionário a cidade de Cafarnaum; decorrido quase um ano de ministério, o Senhor desce à Judéia, passando em Jerusalém a sua última semana, no qual padeceu, morreu e ressuscitou (O Divino Mestre teria pregado durante um ano apenas, conforme os sinóticos)
SEMELHANÇA DE CONTEÚDO
À diferença de João, os três sinóticos dispõem o currículo da vida pública de Jesus segundo um esquema muito simples, assim concebido: após o seu batismo, o jejum de quarenta dias e as tentações no deserto, Cristo prega na Galiléia, tendo como centro missionário a cidade de Cafarnaum; decorrido quase um ano de ministério, o Senhor desce à Judéia, passando em Jerusalém a sua última semana, no qual padeceu, morreu e ressuscitou (O Divino Mestre teria pregado durante um ano apenas, conforme os sinóticos)
CONCLUSÃO
Procuramos fazer uma síntese dos quatro Evangelhos. Resta-nos, por fim dizer, que um estudo mais aprofundado de cada um deles propiciar-nos-á um melhor conhecimento do ministério de Cristo.